Os efeitos do COVID-19 na economia brasileira
/ 27 maio 2020 / No CommentsOs diretores da Câmara Espanhola em São Paulo, escritório da Acció em São Paulo e do banco Caixabank no Brasil refletem sobre a situação econômica do país.
A CCBC organizou um seminário para analisar os efeitos que o COVID-19 está tendo no mercado brasileiro, com foco nas variáveis macroeconômicas e na situação financeira do país, mas também levando em conta a realidade das empresas espanholas que estão no Brasil ou pretendem estar nos próximos tempos.
A sessão, estruturada em formato de diálogo, contou com a presença de Alejandro Gómez, Diretor Executivo da Câmara Espanhola em São Paulo; Josep Buades, Diretor do Acció no Brasil, e Carlos del Molino, Country Manager do banco Caixabank no Brasil e com Francisco Arbós, Diretor Executivo da Câmara de Comércio Brasil-Catalunha.
Como introdução, Francisco Arbós definiu a atual situação sanitária no Brasil, bem como as medidas fiscais e os auxílios promovidos pelas autoridades no contexto da crise. Nesta linha, Arbós relatou medidas tomadas para mitigar os efeitos da pandemia sobre a saúde das pessoas, bem como aquelas estabelecidas para impulsionar a atividade econômica, incluindo incentivos fiscais que totalizam 6,75% do PIB, redução da taxa de juros de referência para 3,75%, mínimo histórico e uma flexibilização temporário das regras de oferta pelos bancos. Além disso, ele observou que a taxa de câmbio se depreciou cerca de 25% desde meados de fevereiro e 36% desde o final de 2019. Por fim, detalhou as expectativas do FMI para a economia brasileira, que prevê uma queda de 5,3% em 2020 e de 2,9% em 2021, o que, de qualquer forma, não compensaria a queda do ano anterior.
Posteriormente, iniciou-se o diálogo entre os participantes que compartilharam suas opiniões sobre diferentes temas. Alejandro Gómez, Diretor Executivo da Camera Espanhola em São Paulo, explicou como as empresas espanholas no Brasil estão vivendo essa crise e afirmou que algumas delas estão passando por um momento muito difícil, tendo que parar suas atividades completamente. Sobre o declínio experimentado pelo comércio bilateral e pelo volume de investimento espanhol no Brasil no que temos realizado em 2020, ele comentou que essa é uma tendência conjuntural e que, de qualquer forma, alguns investimentos significativos foram feitos, incluindo projetos de licitação pública de enorme importância. Além disso, acredita que o Covid-19 não afetará o peso específico da Espanha como investidor direto no Brasil e estava confiante de que o futuro oferece melhores perspectivas.
Por sua vez, Josep Buades, Diretor do escritório de Acció em São Paulo, expressou sua preocupação com a situação de saúde no Brasil, que, segundo ele, ainda não conseguiu achatar a curva de dispersão do vírus, apesar das medidas de afastamento social adotadas, e pelo desastre econômico que implica a falta de atividade comercial, a ponto de paralisar a indústria. Além disso, ele observou que as relações comerciais entre Brasil e Catalunha são muito fortes, embora o volume de câmbio bilateral tenha sido reduzido nos últimos anos, de acordo com a tendência vivida pelo resto do país. Ainda assim, destacou a importância que as empresas catalães têm nas relações econômicas entre Brasil e Espanha, representando cerca de um quarto do investimento direto espanhol no país e o Brasil sendo o quarto país com mais subsidiárias catalães no mundo, totalizando 524 em 2018. Em relação ao comércio, ele enfatizou que a Catalunha é a principal comunidade exportadora para o Brasil, com 2.165 empresas exportadas no valor de 540 milhões de euros. Além disso, quis enfatizar a miríade de oportunidades de negócios em setores de enorme potencial. Segundo Buades, o Brasil é um mercado muito propício para exportadores catalães de fungicidas, máquinas, produtos farmacêuticos e plásticos.
Por fim, Carlos del Molino ofereceu um valioso panorama da situação financeira do Brasil, com especial atenção às medidas tomadas pelas autoridades e à gestão da crise que os bancos estão fazendo, especialmente para aliviar a falta de liquidez nas empresas e nas famílias.
A sessão terminou com uma mensagem dos palestrantes para as empresas interessadas em abordar o mercado brasileiro. Gómez, Buades e del Molino afirmaram que para abordar o Brasil é essencial ter as informações mais viáveis e que, apesar da dificuldade, é um mercado de enorme potencial que vale a pena explorar.