O Brasil é uma das principais economias mundiais e o motor econômico da América do Sul. No início de 202, o país estava se recuperando lentamente de um período de recessão que o levou a perdeu 4,1% do PIB, em linha com o resto das economias desenvolvidas. No entanto, o país está se recuperando rapidamente desta circunstância excepcional. Já em 2021, o PIB do Brasil cresceu 4,6%. Tal tendência está se mantendo em 2022. No primeiro trimestre do ano, o PIB brasileiro cresceu 1% impulsionado pelo setor de serviços. Além disso, nos últimos anos, o governo brasileiro tem fomentado o investimento estrangeiro e criou um programa de privatizações e concessões que despertou grande interesse na Espanha.

Historicamente, a Catalunha e o Brasil são fortes parceiros comerciais e há um enorme potencial para que esta relação cresça no futuro.

Exportações e importações

Em 2020, do total das exportações espanholas ao Brasil, 24,3% foram de origem catalã. Além disso, sofreram um aumento de 1% em comparação ao ano anterior, chegando aos 549 milhões de euros. No entanto, tais exportações representaram para a Catalunha apenas 0,8% do total de suas exportações. Os principais produtos exportados da Catalunha ao Brasil em 2020 foram fungicidas (24,7%), materiais plásticos (9,6%) e produtos farmacêuticos (8,7%).

Em relação às importações, em 2020, os principais produtos importados do Brasil à Catalunha foram grãos (33,1%), cereais (20%) e resíduos da indústria alimentícia (15,9). É interessante notar que as importações catalãs representaram 26,8% de tudo que a Espanha importou do Brasil neste ano, com um aumento de 6,1% em comparação ao ano de 2019, atingindo o valor de 940 milhões de euros.

Investimento estrangeiro

O investimento da Catalunha no Brasil foi bastante expressivo entre 2016 e 2020, somando 1,9 bilhão de euros no mesmo período. Destacam-se os anos de 2016 e 2018, quando os investimentos superaram os valores de 700 e 600 milhões de euros respectivamente, sendo as atividades relacionadas ao transporte e o comércio os principais destinos. No entanto, o investimento catalão no Brasil sofreu uma forte queda no ano de 2020, quando representou apenas 0,5% do investimento total realizado no exterior e 0,4% do total investido por empresas espanholas no Brasil. Mesmo assim, foram investidos um total de 19,2 milhões de euros, principalmente na fabricação de ferrovias (64,7% do total), comércio (21,8%) e edição de livros (12%).

Segundo dados gerais da Acció, o investimento do Brasil na Catalunha tem sido tradicionalmente baixo, acumulando 20,7 milhões de euros no período entre 2016 e 2020 e representando, em 2020, 6,9% do montante total investido na Espanha pelas empresas brasileiras, o que não corresponde a uma quantidade significativa quando se leva em conta o valor total do investimento estrangeiro recebido pela Catalunha. O ano de 2017 se destacou acima de todos os outros, quando as empresas brasileiras investiram um total de 18,8 milhões de euros. Quase a totalidade do investimento brasileiro em 2020 correspondeu à fabricação de maquinário.

Principais empresas investidoras

Em 2020, havia 524 filiais catalãs estabelecidas no Brasil. Entre elas, as 10 de maior relevância são:

  • GRIFOLS SA
  • PUIG SL
  • ROCA CORPORACIÓN EMPRESARIAL SA
  • BAMESA ACEROS SL
  • COMSA CORPORACIÓN DE INFRAESTRUCTURAS SL
  • FLUIDRA SA
  • MECALUX SA
  • GRUPO FERRER INTERNACIONAL SA
  • AFFINITY PETCARE SA
  • INTERNATIONAL TESTING PIPELINES SA

No mesmo período, havia 23 filiais brasileiras na Catalunha em 2020, sendo as 7 principais:

  • MAXION WHEELS ESPAÑA SL / HAYES LEMMERZ BARCELONA (Iochpe Maxion SA)
  • ODEBRECHT E&P ESPAÑA SL (Kieppe Patrimonial SA)
  • HEALTH LEAN LOGISTICS SL (Mr Jose Antonio Lazaro)
  • ROMI MAQUINAS ESPAÑA SA (Industrias Romi SA)
  • NATURA COSMÉTICOS (Natura Cosméticos SA)
  • EMBRAER SPAIN HOLDING CO SL (Embraer–Empresa Brasileira de Aeronautica)
  • GRVPPE EUROPE DIVISION SL (Grvppe Solucoes Ltda)

Oportunidades de internacionalização e cooperação tecnológica para empresas catalãs no Brasil

Brasil, um grande importador de produtos químicos finos, aromatizantes e óleos essenciais

Entre os produtos que o Brasil importa em maior quantidade da Catalunha estão matérias-primas químicas, sejam elas polímeros plásticos, produtos químicos pesados ou finos. As principais oportunidades estão nos produtos químicos finos, como surfactantes, aditivos, aromatizantes e outras especialidades destinadas à indústria farmacêutica e cosmética, bem como asfalto, tintas e produtos de limpeza principalmente. Se confirmada a recuperação industrial em forma de V em 2021, também podem aparecer novas oportunidades no setor de embalagens.

O novo marco do saneamento básico abre oportunidades no setor hidráulico

A aprovação do novo marco do saneamento básico (junho de 2020) prevê a universalização dos serviços de água encanada e de esgoto até 2033. Oportunidades em válvulas, torneiras, tubos e equipamentos. Atualmente, 16% da população brasileira não tem acesso à água encanada e cerca da metade não é servida pela rede de esgoto. Além disso, um quarto das águas residuais não é tratado adequadamente. Alcançar o acesso universal a estes serviços exigirá um investimento de cerca de 100 bilhões de euros, incluindo obras, equipamentos de abastecimento de água e sistemas de tratamento de resíduos.

Programa Pró-Brasil: um ambicioso plano de infraestruturas

O programa Pró-Brasil prevê uma ambiciosa agenda de concessões, privatizações e PPPs que atrairá um importante fluxo de investimentos nos próximos anos. Boa oportunidade para a engenharia aplicada a obras de infraestrutura. É esperado que esta entrada de capitais abra também oportunidades de negócios para empresas pequenas e médias que, apesar de não terem escala suficiente para participar em processos de licitação pública, poderão se beneficiar de subcontratos para obras de expansão e melhoria de infraestrutura como portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, entre outros.

Brasil, um mercado atraente para máquinas agrícolas e energéticas

As maiores oportunidades para a exportação de máquinas e outros equipamentos estão no setor de energia renovável (eólica, solar, biomassa e gás), assim como equipamentos para mineração e agrícolas. Embora o Brasil possua um importante parque industrial de máquinas e equipamentos, as necessidades tecnológicas da sua economia abrem possibilidades para a exportação destes produtos. Os clientes em potencial estão sobretudo nas atividades econômicas orientadas à exportação, muito mais propensos à introdução de novas tecnologias e menos afetados pela volatilidade da moeda local.

Alta demanda por princípios ativos devido à grande produção local de fármacos

O Brasil desenvolveu uma potente indústria farmacêutica local, movida tanto pelo desenvolvimento econômico e social do país como pelas medidas públicas de fomento aos medicamentos genéricos. As oportunidades no setor farmacêutico brasileiro se concentram principalmente na exportação de princípios ativos, que nutrem a produção de medicamentos convencionais e genéricos. Da mesma maneira, a consolidação da indústria local neste setor abre novas oportunidades para transferências de tecnologia.

Uma alta demanda por tecnologia e projetos conjuntos de pesquisa biotecnológica

Nas últimas décadas, o Brasil avançou muito no desenvolvimento de um ecossistema de pesquisa biotecnológica, especialmente na área da agropecuária. Impulsionados pela iniciativa pioneira da EMBRAPA, nas últimas décadas, diversos parques tecnológicos, universidades e empresas criaram departamentos de P&D nesta área. Embora o foco inicial da pesquisa tenha se centrado na biotecnologia branca (principalmente o melhoramento de culturas através da engenharia genética), o Brasil também dispõe de centros de excelência no âmbito da biotecnologia vermelha (tanto humana como veterinária).

Brasil, um mercado receptivo às soluções de máquinas para a Indústria 4.0

Como em outros países, a indústria brasileira está se adaptando aos desafios da Indústria 4.0 com o objetivo de não perder competitividade e tirar proveito das novas tecnologias. Existem oportunidades para equipamentos eletrônicos que permitam, entre outras coisas, coletar dados em tempo real do funcionamento dos equipamentos, transmiti-los aos centros de análise de dados, otimizar os processos produtivos e logísticos e obter melhoras em eficiência energética.

A pandemia acelera a transformação digital, IA e IoT no Brasil

A pandemia da COVID-19 acelerou o processo de transformação digital e deu maior importância às tecnologias que permitem o trabalho remoto e o processamento de dados. São Paulo se tornou um dos polos de empresas emergentes mais ativos da América Latina, com mais de doze unicórnios. As empresas brasileiras são muito ativas na adaptação às novas tecnologias de dados em massa, blockchain, internet das coisas e inteligência artificial, entre outros, em seus modelos de negócio. A tecnologia aplicada à saúde, e-tech, mobilidade e logística são alguns dos setores prioritários. Por outro lado, Barcelona é palco de alguns dos eventos tecnológicos mais importantes em escala global, o que facilita a interconexão com empresas do Brasil.

A tecnologia aplicada ao setor da saúde registra forte crescimento

Um novo regulamento da telemedicina, na esteira da pandemia da COVID-19, permitiu a realização de consultas médicas remotas e receitas médicas on-line. Além da telemedicina, há um processo acelerado no Brasil de introdução de novas tecnologias que permitem uma gestão mais eficiente dos recursos de saúde. Dentro do âmbito da saúde digital, existem oportunidades para segmentos tão diversos quanto laboratórios portáteis que permitem realizar testes em locais remotos, programas de gerenciamento de clínicas e hospitais ou modelos de dados em massa que ajudem os gerentes a atender às necessidades de saúde da população de forma mais eficiente.

O Brasil realizará um ambicioso investimento em infraestruturas de transporte

O programa Pró-Brasil contempla para os próximos anos a concessão de 45 aeroportos, 18.000km de rodovias e 24 terminais portuários. Os investimentos previstos são de US$2,4 bilhões (aeroportos), US$29 bilhões (rodovias) e US$1,8 bilhão (portos). A entrada de capital privados nestes setores implicará em investimentos na melhoria de equipamentos e sistemas de gestão, o que proporcionará oportunidades de negócio para as empresas que atuam na área logística.